De olho no tempo

Apesar do alento, clamor é por mais chuva nas lavouras

Diogo Brondani

Foto: Lucas Amorelli (Diário)
Chuva amenizou a seca, mas que plantas estão com a metade da altura normal

Santa Maria registrou cerca de 24,2 milímetros de chuva entre o último sábado e ontem, no ponto onde há medição do Inmet - com os 8 mm dos primeiros dias de janeiro, o acumulado no mês está em só 32,2 mm. Mas claro que isso não foi em todas as regiões da cidade, já que as pancadas do final de semana ocorreram de forma isolada em diferentes pontos. No campo, lugar que mais precisa, principalmente por causa das culturas de verão, os poucos milímetros registrados deram uma amenizada às lavouras que sofrem com a falta de água. Mas até agora, São Pedro não tem colaborado com os agricultores, já que as chuvas não têm sido suficiente.


Na lavoura de soja do produtor Renato Rossi, 45 anos, que fica no distrito de Pains, a área que foi plantada no final de novembro está com bom aspecto, um verde vivo e boas condições gerais. Mas isso graças aos poucos milímetros da chuva de domingo. Além disso, o tamanho médio do pé está em torno de 50cm de altura quando, segundo o produtor, já deveria estar quase com o dobro.
- Ainda não fiz a primeira pulverização de fungicida. Já era para estar na segunda. A planta está saudável, mas pequena ainda. Essa chuva trouxe um pouco de umidade e revigorou a soja, mas ainda é necessário mais para que ela se mantenha - afirma Rossi.

Ao todo, o agricultor cultiva cerca de 800 hectares. Destes, já buscando uma garantia para pagar ao menos os insumos, ele já comprometeu cerca de 10% em mercado futuro (venda do grão firmada antes do plantio com preço estabelecido). Na safra passada, a média de colheita ficou em 45 sacos por hectare. Porém, segundo ele, alguns trechos da lavoura que foram mais prejudicados, a colheitadeira nem passou.

Para esta safra, a expectativa é que o tempo ajude.
- Quem é agricultor nasce e morre olhando para o tempo. Espero que essas chuvas previstas realmente venham - clama o produtor (foto ao lado).
Ele diz que não tem empregados por casa dos custos. Apenas conta com a ajuda do filho Vinícius Assunção, 18 anos, e atua em parceria com os vizinhos, um ajudando o outro.


Conforme o engenheiro agrônomo chefe do escritório da Emater/RS de Santa Maria Guilherme Godoy dos Santos, a precipitação ajudou, mas ainda não é suficiente para saciar as necessidades das lavouras.
- A chuva ameniza, mas as plantas que estavam em floração e enchimento de grãos já têm prejuízos confirmados. Temos perdas em áreas do distrito de Santa Flora, mas que somente serão possíveis de mensurar na colheita, já que, em alguns casos uma boa chuva pode reverter esse quadro - diz o agrônomo.
Hoje, às 19h, uma equipe da Emater e produtores do distrito estarão reunidos na comunidade para avaliar a situação das áreas cultivadas.
O trabalho dos extensionistas da Emater, conforme Santos, é na orientação dos produtores ainda muito antes do plantio. Segundo ele, o que se tem recomendado é que a área de cobertura verde utilizada no mesmo terreno das lavouras durante o inverno, com o plantio de aveia e azevém para o gado, é que seja feita a dessecagem antes do preparo das lavouras e que se deixe as palhas no solo.
- A palha oriunda da pastagem contribui para a preservação da umidade do solo. Em caso de chuva, ela retém a água por um período muito maior, de até cinco ou seis dias, que, em alguns casos, é o necessário para manter a soja. Parece pouca coisa, mas tu salvas a lavoura em função disso - recomenda.
A previsão é de que as chuvas voltem à região amanhã e quinta e também no final de semana.


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